[Texto] Eu quero uma parede de tijolinhos

sexta-feira, outubro 13, 2017


Como um pensamento sorrateiro, eu pensei em suicídio. A coragem é algo que eu definitivamente não teria, mas dá preguiça de viver às vezes, não dá? Pensar em como vai ser quando a faculdade acabar, no trabalho da semana que vem, no pedaço de bolo integral de maçã que quero comer, como perder a gordura localizada, em como ser melhor no trabalho... Tudo isso carrega uma enorme e pesada mochila de preguiça. Seria bom não ter que carregar isso, o famoso fardo da vida.

Mas eu não consigo só pensar assim. E todos os lugares que eu quero visitar? E todos os livros que eu quero ler (e são muitos)? E todas as pessoas que quero conhecer? E todos os cafés que eu quero visitar? E o meu diploma? E a trilogia que estou escrevendo? E os cachorros que eu quero adotar? E as manhãs de domingo? E as sextas-feiras? Além disso, quero minha própria casa. O meu cantinho, minha privacidade, minha comidinha saudável, os doces que não terei de dividir, os almoços que eu mesma farei para a minha família, o papel de parede de tijolinhos que quero colocar na sala. Tudo isso eu ainda quero ver, viver e sentir de todas as maneiras.

Ah, a vida é difícil... levantar cedo no frio, os olhos pesados de sono... As aulas da faculdade que não parecem chegar ao fim, os sábados que passam como o vento, os trabalhos de um milhão de páginas, as leituras dos clássicos, as férias longínquas, o salário que acaba em um piscar de olhos, tudo o que queremos e não podemos comprar, comer, visitar. O caminho é árduo, mas eu quero ver a paisagem enquanto der e, claro, quero a minha família nessa caminhada comigo.

Sara, outubro de 2017.

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