Resenha - Memórias de um sargento de milícias

sábado, setembro 23, 2017


Memórias de um sargento de milícias, foi escritor por Manuel Antônio de Almeida e publicado inicialmente entre 1852 e 1853 em formato de folhetins para o jornal Correio Mercantil. Primeiramente, a história era assinada por um "autor desconhecido", após a publicação do livro, o autor se chamava "Um brasileiro". De forma divertida e bastante "novelesca", o autor narra a história de Leonardo, um exemplo clássico de malandro brasileiro.


Título: Memórias de um sargento de milícias
Autor: Manuel Antônio de Almeida
Nº de páginas: 168
Editora: Ática
Ano: 2004
Avaliação: ★★★★
Sinopse: Na história de Leonardo - que gosta muito mais de se divertir do que de trabalhar - o autor faz uma irresistível e bem-humorada crônica sobre o cotidiano das classes baixas do Rio de Janeiro na época de dom João VI.


Leonardo é muito cedo abandonado pelos pais, acaba sendo adotado pelo seu padrinho, o compadre barbeiro. Também recebe cuidados de sua madrinha, a comadre. Desde sempre, Leonardo foi uma criança "endiabrada" que não conseguia passar muito tempo sem colocar suas diabruras em prática. Seu padrinho queria que ele se tornasse padre, mas a comadre não apoia a ideia nem um pouco (mesmo sendo bastante religiosa). 

O garoto vai à escola, arranja o primeiro amor, vai preso e, apronta todas as coisas que pode. Se safa de muitas situações também, o que o torna um grandessíssimo malandro. Talvez Leonardo tenha sido o primeiro malandro da literatura brasileira.  

Muitos são os personagens que constituem essa narrativa tornando-a tão engraçada. Ao retratar a baixa sociedade do Rio de Janeiro, o autor destoa do romantismo convencional, podendo até ser considerado uma obra de transição entre o romantismo e o realismo. Muitos estudiosos até consideram a possibilidade de a obra ser o marco do início do realismo brasileiro, que é na verdade ocupado por Machado de Assis.


Leonardo é uma espécie de anti-herói romântico, pois acaba sendo bastante humanizado pelos seus defeitos. Há pouca ou nenhuma idealização romântica na obra. Muitas características românticas não são apresentadas e podem ser passadas despercebidas. O enredo com final feliz é o elemento do romantismo mais marcante na obra.

Particularmente, eu consideraria a obra como realista, porque em comparação com o romantismo e com as obras românticas, basicamente não se tem tais características como o subjetivismo, a idealização romântica, o escapismo... Todos esses aspectos parecem ser ignorados pelo autor. A transição é realmente muito clara, como se a mão do realismo puxasse com mais força do que a mão enfraquecida do romantismo.

Em primeira instância, a obra não me agradou. Comecei em PDF e não prossegui. Pedi emprestada a versão física de uma amiga da faculdade e a leitura foi totalmente diferente, consegui ficar totalmente imersa na história e senti como se estivesse lendo uma novela. É divertido e os personagens são únicos, sendo que cada um deles são componentes fundamentais na construção dessa crônica cômica. 

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