Resenha - O Amante

domingo, julho 23, 2017


O romance "O Amante", foi publicado em 1984 pela escritora, dramaturga e cineasta Marguerite Duras. O livro recebeu o prêmio Goncourt de literatura (o mais importante prêmio de literatura francesa). A obra autobiográfica conta como foi parte da adolescência de Marguerite, em uma narrativa diferente e magnífica.

Título: O Amante
Autora: Marguerite Duras
Nº de páginas: 95
Editora: O Globo (minha edição)
Ano: 2003 (minha edição)
Avaliação: ★★★★
Sinopse: O romance narra um episódio da adolescência de Duras: sua iniciação sexual, aos quinze anos e meio, com um chinês rico de Saigon. Se as personagens e fatos são verídicos, a escrita os transfigura e transcende; não sabemos em que medida a história é verdadeira. Os encontros amorosos são, ao mesmo tempo, intensamente prazerosos e infinitamente tristes; a vida da família contrapõe amor e ódio, miséria material e riqueza afetiva. A presença da mãe, sua desgraça financeira e moral, do irmão mais velho, drogado, cruel e venal, e do irmão mais novo, frágil e oprimido, constituem uma existência predominantemente triste, e por vezes trágica, de onde Duras extrai um esplendor artístico que se reflete em sua própria pessoa - personagem enigmática, quase de ficção. Tem sido dito que ler este livro é como folhear um álbum de fotografias - a narrativa se desenrola em torno de uma série de imagens fascinantes. Esse trabalho primoroso com as imagens também pode ser verificado nos mais de vinte filmes dirigidos por Duras e na possibilidade de seus textos se transformarem em filmes, como o fez Jean-Jacques Annaud com "O amante" em 1991.
O Amante foi uma leitura bastante rápida, a escrita extremamente repetitiva da autora tem o poder de te prender, ainda que o texto seja extremamente triste e dramático do início ao fim. O romance fala sobre família, vida sexual e inseguranças.

Como a edição que li não possui arte de capa e nem sinopse, confesso que só fui descobrir sobre o caráter autobiográfico da obra, após colocar a leitura como concluída no Skoob e fiquei bastante impressionada.

Acompanhamos a iniciação da vida sexual da protagonista (que em momento algum é nomeada no livro) com um chinês rico de Saigon, mas como ele é 12 anos mais velho que ela, obviamente, sua mãe não aprova.

Sua mãe. O que posso falar sobre a mãe dela? Ela é louca, e todos sabem disso. É alguém que estabelece uma relação de proteção e violência com Marguerite, e que ama notavelmente mais os outros dois filhos.

Os irmãos de Marguerite. O mais velho é um dos piores seres humanos que poderiam existir e, por mais que ele devesse arder no fogo do inferno, acaba sempre protegido pela mãe. Nota-se que é um personagem da vida de Marguerite que a provocou muito psicologicamente.

O livro passa rápido, mas é necessário prestar atenção em cada linha com a intenção de extrair tudo o que a autora tem para passar. Eis um trecho que gostei muito:

Já tenho consciência disso. Sei alguma coisa. Sei que não são as roupas que fazem a mulher mais ou menos bela, nem o preço dos cremes, nem a raridade, o preço dos adornos. Sei que o problema não está aí. Não sei onde está. Sei apenas que não é onde as mulheres pensam. Observo as mulheres nas ruas de Saigon, nos postos do interior. Algumas são muito bela, muito brancas, cuidam da beleza com muito carinho aqui, especialmente nos postos do interior. Não fazem nada, apenas se cuidam, guardando-se para a Europa, os amantes, as férias na Itália (...) Elas esperam. Vestem-se para nada. Elas se cuidam. Na sombra dessas mansões, preparam-se para mais tarde, acreditando viver um romance, os guarda-roupas já atulhados de vestidos que não usam, colecionados como o tempo, a longa sequência dos dias de espera. Algumas enlouquecem. Outras são abandonadas, trocadas por uma jovem empregada, que guarda silêncio. Abandonadas. Ouvimos essa palavra atingi-las, o barulho que faz, o barulho da bofetada que ela representa. Algumas se matam.
Esse desrespeito que as mulheres têm por si mesmas sempre me pareceu um erro. (pg. 19)  
E você, costuma ler literatura francesa? Já leu O Amante? Gostaria de consumir mais esse tipo de leitura? Comenta aí!

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2 comentários

  1. Tenho um gosto muito grande e peculiar por obras mais trágicas e acho que por isso o livro me interessou bastante, mesmo que eu nunca tenha ouvido falar nem da obra e nem da escritora. Uma coisa bem aleatória que me interessou foi o fato da protagonista não ter nome. Parece mesmo ser uma leitura instigante! Acabou de entrar na minha wishlist literária, vou procurar comprar assim que acabar minha leitura atual.

    • https://acid-baby.blogspot.com

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    1. Sim, é muito legal! provavelmente em edições com sinopse deixam claro que é uma obra autobiográfica, então dá para saber que é a Marguerite, mas no meu caso, no qual o livro não tinha NADA na capa, eu acabei lendo sem saber porque a protagonista não tinha nome hehehe muuuito louco! Recomendo bastante se vc gosta desse tipo de livro!

      Abraçooos <3

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