Eu Odeio o Mundo, Eu Odeio Você.

domingo, janeiro 25, 2015

De sobretudo preto, um homem caminhava lentamente em um parque, sobre as folhas alaranjadas do outono que forravam o chão. A cada passo, um novo ruído de folhas pisadas podia-se ouvir. Para ele, aquele era o som da despedida, o som de um caminho novo, o maldito som da distância. Ele criava a distância entre ele e o seu amor, ele ia embora e ele não se arrependia. Ele queria parar, mas continuava andando sem temer o futuro ou as lágrimas. Nem mesmo os corações partidos.

Mas ele não crê em corações partidos, ele sabe que logicamente é impossível um coração se partir, uma vez que é apenas um órgão e não um objeto como a humanidade o tornou. Ele sabe que dói no peito, mas o que faz doer está na cabeça. Algo que te dá o castigo de pensar, algo que faz você estar vivo, algo que te controla como uma máquina: o cérebro. É isso que te controla. 

Não importa o quanto ele tente, o perdão é algo inexistente e complexo. É algo fora de seu alcance limitado como humano ambicioso. Ele não pode simplesmente deixar as coisas passarem como vultos insignificantes, ele se importa com o que você faz. Ele se importa porque odeia você.

Ódio e amor são dois sentimentos basicamente iguais em suas teorias filosóficas. Ele vê o ódio como algo inevitável diante de situações complicadas e sentimentais. O ódio não passa de um sentimento triste e sombrio, solitário e escuro, ridículo e eterno. Ele não perdoa porque tem orgulho, ele não perdoa porque se orgulha de ser assim, tão imaturo. Na realidade... Ele se acha maduro demais para perdoar. E assim, pouco a pouco, pessoas o incomodavam de alguma forma e faziam ele nutrir uma pequena quantidade de ódio o suficiente para não perdoar. Ele podia fazer isso e livrar-se de ter que não olhar para as pessoas novamente, ele faria isso para não ter dívidas com ninguém.

Mas isso realmente importa para ele? Não. Ele prefere estar cheio dessas malditas dívidas e nunca perdoar ninguém. Ele prefere carregar o fardo do "me desculpe" e guardá-lo para si. Ele prefere esse peso em seu coração, ou melhor, em seu cérebro, do que perdoar pessoas. Por que? Porque ele odeia as pessoas, prefere os animais. Os animais são sinceros e deixam claro desde o início que precisam somente de comida, e que estão ao seu lado atrás de alimento, não de amor. Mas os seres humanos preferem mentir, fingir, enganar. Preferem interpretar e parecerem pessoas que não são, apenas para atrair olhares, atrair atenção e quem sabe paixão. Pessoas fingem ser o que não são, e por isso ele prefere carregar o fardo do que viver relações artificiais.

Então assim ele vai levando a vida... Carregando seus "eu odeio você". Mas, nunca deixando de saber que o seu orgulho é muito mais pesado de se carregar... E que o peso pode ser tão extremo à ponto de ele afundar, afundar e afundar ainda mais... Em seu próprio buraco escuro e desconhecido chamado vida.



Texto baseado no personagem Henrique, do livro O Homem Que Odiava O Mundo.

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4 comentários

  1. Olá!
    É um texto bem diferente esse, o personagem deve ser bem obscuro, rs
    Gostei da intensidade dos sentimentos nesse texto ;)
    Beijos
    http://acolecionadoradehistorias.blogspot.com

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  2. Oie! Sara quanto tempo!
    Gostei do texto! Algo mais obscuro é ótimo de se ler *---* uma leitura que adoro demais xD escrever com sentimentos tensos é uma das partes que mais amo ao escrever, adoro fazer as pessoas sentirem o que o personagem está sentindo! Ahh~ quero ler logo OHQOOM XD *abreviatura O Homem Que Odiava O Mundo '-----' *

    http://behind-the-wonderland.blogspot.com.br/

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    1. Oi! Obrigada <3 tomara que você leia logo *-* Fazer abreviação do título do meu livro é mt complicado SHHSUASH, por isso digito logo o título inteiro kkk...

      Beijo!

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  3. Cara, você simplesmente me descreveu.

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